Responsabilidade social nas organizações modernas

A competitividade do mercado exigiu das organizações uma mudança radical na gestão de pessoas. A busca de novas políticas de recursos humanos adotando programas participativos, medidas para aumentar o fluxo de informações, tentativa de valorização do indivíduo e de sua formação, procurando a construção de uma relação de confiança alicerçada inclusive por adoção de linguagem particular, são estratégias para enfrentar a complexidade, incertezas, continuadas mudanças e renovação constante do ambiente.
 
As mudanças nas condições ambientais das organizações forçam a visão tradicional de administração de pessoas a deslocar-se para uma perspectiva mais atual, passando, ainda que lentamente, a focar o fator humano como chave para o sucesso. É preciso repensar o papel e a filosofia empresarial, pois o mercado está exigindo das organizações o seu exercício de cidadania, forçando os gestores a provocar mudanças ambientais de forte impacto.
 
A responsabilidade social de uma empresa consiste na decisão de participar mais diretamente das ações comunitárias na região em que está inserida e diminuir possíveis danos ambientais decorrente do tipo de atividade que exerce. Mas, apoiar o desenvolvimento da comunidade e preservar o meio ambiente não são suficientes para atribuir a uma empresa a condição de socialmente responsável. É necessário investir no bem-estar de seus empregados e dependentes e num ambiente de trabalho saudável, além de dar retorno aos seus acionistas e garantir a satisfação dos seus clientes e/ou consumidores.
 
O exercício da cidadania empresarial, adquirindo o status de “empresa-cidadã”, pressupõe uma atuação eficaz da organização em duas dimensões: a gestão de responsabilidade interna e gestão de responsabilidade externa.
 
A responsabilidade social interna caracteriza o estágio inicial da cidadania empresarial. Entretanto, não é sempre que ocorre este movimento. Muitas organizações cometem um sério erro de estratégia social e invertem este processo, causando um grande descontentamento entre os empregados, confirmando um grave quadro de conflitos, ansiedade e desmotivações.
 
A responsabilidade social interna tem como foco trabalhar o público interno da organização, desenvolver um modelo de gestão participativa e de reconhecimento de seus empregados, promovendo comunicações transparentes, motivando-os para um desempenho ótimo. Este modelo de gestão interna compreende ações dirigidas aos empregados e dependentes, aos funcionários de empresas contratadas, terceirizadas, fornecedoras e parceiras.
 
Na ligação entre a realidade social, política, econômica e cultural da organização as ações de responsabilidade social interna podem começar por:
§ cuidar da qualidade de vida do empregado e investir nas instalações sanitárias; 
§ atender às necessidades básicas dos empregados criando uma infra-estrutura de refeitório para seu público interno, empresas terceirizadas, contratadas e fornecendo cesta básica para seus dependentes;
§ criar o hábito de uso do uniforme contribuindo para melhorar as condições de segurança no trabalho;
§ buscar um Plano de Saúde e assistência odontológica que atenda a todos os empregados e familiares;
§ cuidar da condição de moradia dos empregados;
§ implantar um Plano de Cargos e Salários;
§ implantar programas de reconhecimento e valorização do empregado como:Café com o Presidente, Empregado Destaque,  Ginástica na Empresa, Participação nos Resultados;
§ investir na qualificação dos empregados através de programas de treinamento, internos e/ou externos e capacitação visando a sua maior qualificação profissional e obtenção de escolaridade mínima.
 
O desenvolvimento dessas ações é também chamado de trabalho de endomarketing, onde a organização leva motivação para o seu ambiente interno e cria uma relação de confiança com o empregado. Com isso, a organização ganha a sua dedicação, empenho, lealdade e aumento de produtividade.
 
A partir do desenvolvimento e implantação destas ações de gestão interna, a empresa pode realizar ações sociais que beneficiem a comunidade passando a exercitar a sua responsabilidade social externa. Através de um planejamento de marketing social, a organização, atendendo à sua missão, crenças e à demanda de necessidades da comunidade, atua nas áreas de educação, saúde, assistência social e ecologia, desenvolvendo ações empresariais, visando maior retorno de imagem e publicitário.

A organização pode realizar estas ações através de:

  • doações de produtos, equipamentos e materiais em geral;
  • transferência de recursos em regime de parceria para órgãos públicos e ONG’s beneficiando escolas públicas, visando educação com qualidade, viabilizando cursos técnicos, estágios e a formação de futuros profissionais;
  • prestação de serviços voluntários para a comunidade pelos empregados da organização, reformando creches e asilos;
  • aplicação de recursos em atividades de preservação do meio ambiente, adotando uma praça, reciclando o lixo da empresa ou através da coleta seletiva;
  • patrocínio para projetos sociais do governo;
  • investimentos diretos em projetos sociais criados pela própria organização;
  • investimentos em programas culturais através da lei do incentivo à cultura.
 
Ao participar de ações sociais, a organização além de adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, atua na dimensão social do desenvolvimento sustentável, melhorando a qualidade de vida de seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade como um todo, exercendo a sua responsabilidade social.
 
Uma empresa-cidadã tem no seu compromisso, com a promoção da cidadania e o desenvolvimento da comunidade, o seu diferencial competitivo, buscando, desta forma, ser uma organização que investe recursos financeiros, tecnológicos e mão-de-obra em projetos de interesse público. É uma organização que cria um ambiente agradável de trabalho valorizando seus recursos humanos e é capaz de desenvolver um modelo de gestão integrado onde as pessoas têm um papel decisivo no seu compromisso com relação à comunidade e à sociedade em geral. E ainda, é uma empresa que se organiza e constrói maneiras alternativas de participar, conviver e viver melhor.

Autora: Tânia Maria Zambelli - Administradora de Empresas, com mestrado em Administração e Pós-graduação em Administração e Desenvolvimento de Recursos Humanos e Marketing.
Possui experiência como Professora Universitária e Coordenadora Adjunta do Curso de Administração, Consultoria Organizacional e Coach. (...)