O gestor, líder e agente de mudanças

Nos dias atuais a adaptação das empresas às novas tendências tecnológicas, às novas formas de gestão e à dinamização dos processos empresariais se torna essencial como estratégia organizacional, para que elas possam caminhar, viabilizar sua permanência e competir no mercado empresarial.

Diante deste cenário, os gestores são os agentes de mudanças que focam em oportunidades e movimentam estrategicamente os recursos da organização. No entanto, para que eles exerçam esta função precisam ser orientados e capacitados para liderar a transformação organizacional necessária. Será que é simples assim? Segundo Pizzato (2009), nós seres humanos mudamos por três razões básicas: idade, necessidade e vontade.

Aceitamos com naturalidade o fato de mudarmos à medida que o tempo passa, que a idade avança. Quando as escalas de valores e algumas características se alteram em função dos anos vividos. São mudanças naturais que a própria vida se encarrega de realizar em nós. Para este autor, os outros dois motivos são mais complexos. Diferenças significativas distanciam necessidade (causas externas) de vontade (causas internas).

Por necessidade, Pizzato (2009) explica que uma força externa faz com que ações venham a se realizar dentro de nós. Na maior parte das vezes, é comum não gostarmos do que está acontecendo, mas somos compelidos a aderir ao movimento. Assim, rompemos nossa homeostase a contragosto, porque a situação exige velocidade nas mudanças.

Por vontade, Pizzato (2009) chama todos os movimentos que realizamos através do nosso “eu”. De dentro para fora. A necessidade pode até estar no âmago da questão, servindo como mola propulsora da mudança ou apenas como indicador forte de que devemos mudar. A diferença básica entre a vontade (própria) e a necessidade, é que esta, provindo de razões externas, tende a desaparecer, quando essas forças deixam de atuar. A mudança foi temporariamente dirigida e pressionada por uma causa externa. No caso da vontade, precisamos de uma força muito maior do que a anterior. Um movimento interno que nos leve a mudar.

O autor Pizzato (2009) ainda faz outra comparação dizendo que a necessidade atua sobre a cabeça (razão), ao passo que a vontade mexe com o coração (sentimentos). Desta forma, pode-se dizer que a vontade atua sobre uma parte do cérebro, gerando substâncias químicas relacionadas com o prazer, bem estar. Já a necessidade atua sobre outra parte do cérebro, relacionado à obrigação, dever, cobrança, sem o prazer e o bem estar da anterior. Quando partimos para o campo da necessidade, os resultados podem também gerar prazer quando atingimos os objetivos que estávamos buscando. Assim, a mudança causada pela vontade (força interna) nasce e encerra com prazer, ao passo que a causada pela necessidade inicia por obrigação e pode encerrar com o prazer.

Portanto, se o gestor não tem o perfil de líder, é preciso que ele desenvolva as competências necessárias para guiar e motivar sua equipe, conquistando o apoio e comprometimento de todos com os resultados da empresa. Mas, para que isso aconteça, este gestor precisa querer. Precisa ter vontade de buscar uma assessoria que o ajudará a se conhecer, a liberar seu potencial e maximizar sua performance, identificando e mudando pensamentos automáticos que o limitam. Através deste processo ele também identifica sua missão pessoal e profissional. E, se ele consegue agir em direção aos seus objetivos, metas e desejos, conseguirá também como líder, mostrar e levar sua equipe a viver o processo de mudança organizacional. Este talvez seja o maior desafio de quem lidera uma mudança - buscar sua própria mudança, para depois ensinar aos seus liderados a fazer o mesmo.

Porque, como escreve John P. Kotter, professor da Harvard Business School, em seu livro O Coração da Mudança, hoje uma pessoa sozinha não consegue eficazmente enfrentar a mudança rápida e em grande escala. É importante que se tenha uma equipe de pessoas que estejam totalmente comprometidas com a iniciativa da mudança, que sejam respeitadas dentro da organização e que tenham poder e influência para impulsionar o esforço da mudança em seus respectivos níveis hierárquicos.

Assim, o gestor que é líder e atua como agente de mudanças, enxerga que o processo de transformação começa com o seu autodesenvolvimento, percebe sua importância, necessidade e age. No campo profissional antecipa as necessidades do mercado e consegue influenciar e impulsionar seus liderados. Percebe que a situação exige velocidade nas ações, por isso planeja, modela o tempo e soma forças para enfrentar as dificuldades, trabalhando, pensando e executando melhor as ações visando grandes resultados.

** Co-autor: José Cláudio Ribeiro

Referências:
Revista HSM Management 16 setembro - outubro 1999 – Reportagem: Agente de Mudança
Revista HSM Management 42 janeiro-fevereiro 2004 – Reportagem: Mudança com os dois pés na estratégia.
PIZZATO, Carlos Rui - O Tripé da Mudança – HSM online – 12/08/2009.

Autor: Tânia Maria Zambelli - Administradora de Empresas, com mestrado em Administração e Pós-graduação em Administração e Desenvolvimento de Recursos Humanos e Marketing.
Possui experiência como Professora Universitária e Coordenadora Adjunta do Curso de Administração, Consultoria Organizacional e Coach.(…)